Autor: Marcelo Moreira / publicação: 22/04/10
Jornalista profissional desde 1987, trabalhou em veículos como Folha de S. Paulo, Agência Estado, Agência Dinheiro Vivo e Rádio Jovem Pan. Atualmente trabalha no Jornal da Tarde e mora em São Bernardo desde 1996.
Há anos a vida na Grande São Paulo está ficando insustentável. Difícil sempre foi, mas estamos chegando próximo da inviabilidade de viver em qualquer uma das principais cidades da região metropolitana.
Enquanto as cidades ficam submersas com enchentes e intermináveis e alagamentos quilométricos, o governo do Estado, em sua incompetência criminosa, demonstra toda a sua sensibilidade ao implantar um pedágio na rodovia Castelo Branco, no trecho inicial, violando qualquer noção universal de bom senso.
Os tucanos já fizeram nojeira parecida em 1995, quando implantaram pedágios em quatro entradas de São Bernardo e Diadema no sistema Anchieta-Imigrantes. A vida em Diadema ficou mais cara, já que era preciso pagar para entrar na cidade.
E o mais interessante é que essa medida desrespeitava uma lei estadual aprovada nos anos 70 que impedia a instalação de pedágios a menos de 30 quilômetros de distância da Capital.
O governo Mário Covas simplesmente ignorou a lei e conseguiu brecar todas as contestações judiciais mesmo com argumentos estapafúrdios.
Desde então os tucanos atropelam todas as noções de administração responsável e decente ao pulverizar o patrimônio do governo do Estado em vários programas no mínimo suspeitos de privatização.
As privatizações paulistas ocorreram de forma pouco transparente e sem avaliações técnicas que justificassem os preços das vendas e depois as tarifas aplicadas aos consumidores-clientes.
O pedágio que já chega quase aos R$ 20,00 no sistema Anchieta-Imigrantes (R$ 17,80 no Planalto) é justificado pela realização da segunda pista da rodovia dos Imigrantes. Deve ser o pedágio mais caro do mundo proporcionalmente.
Enquanto o modelo de concessão adotado pelo governo federal para as rodovias Dutra e Fernão Dias, entre outras, foi transparente e trouxe tarifas próximas da realidade, os tucanos paulistas permitiram que as concessionárias espalhassem pedágios por todo o Estado, sendo que alguns chegam a custar R$ 10,80 em pleno interior.
Como é possível pagar R$ 2,20 ida e volta para percorrer 150 quilômetros na rodovia Fernão Dias e R$ 17,80 para percorrer 60 quilômetros na Anchieta ou na Imigrantes?
Uma viagem de São Paulo a Votuporanga, no noroeste paulista, por exemplo, ida e volta, custa R$ 110,60, em 16 praças de pedágio que cobram, para uma distância de 1.040 quilômetros. Chamar esse valor de extorsivo é pouco.
As mudanças de tarifa e do modelo de cobrança nas praças de pedágio da Rodovia Castelo Branco (SP-280), nas proximidades da Capital, acabaram reboque o fim do livre acesso da estrada ao Rodoanel Mário Covas. Agora, para acessar o anel viário, os motoristas têm, obrigatoriamente, de passar pelo pedágio e pagar a tarifa de R$ 2,80.
A cobrança de pedágio era restrita apenas às pistas marginais, mas foi ampliada para todas as faixas da rodovia. Ou seja, passam a ser taxados cerca de 50 mil veículos que trafegam por dia em cada sentido da via.
Quem mora em Osasco e trabalha em Barueri ou Itapevi, por exemplo, gastará quase R$ 300 por mês para andar pouco menos de dez quilômetros. A tarifa, por outro lado, foi reduzida de R$ 6,50 para R$ 2,80 para quem usava as pistas marginais – 20% do total do movimento.
É a fúria arrecadadora dos tucanos: 20% que pagavam R$ 6,50 tiveram a tarifa reduzida, mas 80% dos que não pagavam nada pagarão R$ 2,80. É um disparate.
Que esse absurdo tarifário seja mais uma vez denunciado nas eleições de outubro deste ano e que as concessões de rodovias em todo o Estado sejam revistas e investigadas.
terça-feira, 11 de maio de 2010
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