terça-feira, 22 de novembro de 2011

Rodoanel ou Belo Monte Paulista?















Obra de Alckmin e Dilma, Rodoanel Norte acumula polêmicas e vira "Belo Monte Paulista"
O trecho norte do Rodoanel, a exemplo do que aconteceu com a usina de Belo Monte, vem mobilizando ambientalistas, artistas e intelectuais, além dos moradores afetados em áreas nobres e carentes, que tentam de diversas formas impedir a execução obra. As polêmicas em torno do trecho já chegaram ao Ministério Público, que estuda pedir a suspensão da obra.
Ontem (3), os críticos do empreendimento lançaram no Teatro Oficina um manifesto e realizaram uma “macumba antropófaga” contra o Rodoanel.
Avaliado em R$ 6,5 bilhões, o Rodoanel Norte será financiado com recursos do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento, R$ 1,7 bilhão), do governo do Estado (R$ 2,8 bilhões) e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento, R$ 2 bilhões). “Hoje é a maior obra viária do mundo. É a única obra viária do PAC que está saindo do papel”, afirma Laurence Casagrande, presidente da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A)--órgão do governo estadual responsável pela obra.
A licença ambiental para o trecho norte do Rodoanel foi aprovada pelo Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente) em junho deste ano. Atualmente, a obra está na fase de pré-qualificação das empreiteiras que devem disputar a licitação. O prazo para a conclusão do trecho norte, o último do Rodoanel, é novembro de 2014.
Só no Ministério Público de São Paulo (MP-SP) há dois inquéritos civis e duas representações contra o trecho norte, em análise nas promotorias de Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo e de Guarulhos (SP). No Ministério Público Federal (MPF), há outros dois inquéritos, um questionando o uso de recursos federais na obra e outro relacionado a questões ambientais.
Técnicos do MP-SP estão finalizando um laudo sobre o Eia-Rima, estudo de impacto ambiental elaborado pelo governo que fundamentou a licença para a realização da obra. Se encontrar problemas no Eia-Rima, a promotoria deverá pedir a suspensão da obra até que o governo realize um novo estudo --o atual demorou quase dois anos para ser concluído.
“O estudo preliminar feito pelos técnicos do MP apontaram algumas inconsistências no Eia-Rima. Em cerca de dez dias o estudo complementar ficará pronto e decidiremos como vamos agir”, afirma Gilberto Leme Garcia, promotor de Meio Ambiente.
Maurício Ribeiro Lopes, promotor de Habitação e Urbanismo, diz que a obra, do jeito que foi aprovada, fere os planos diretores do município de São Paulo e de várias subprefeituras da zona norte. “O trecho norte afronta o plano diretor estratégico, assim como os planos regionais. Aí vem a discussão sobre até que ponto uma obra do Estado pode violar o plano diretor.”
O promotor avalia ainda que a prefeitura de São Paulo não está agindo com autonomia perante a gestão estadual. “Vejo que há uma grande permissividade do município em franquear poder ao governo do Estado sem maiores exigências. O município de São Paulo está fazendo pouco caso do plano diretor”, diz Ribeiro Lopes.
Serra da Cantareira ameaçada
O trecho norte do Rodoanel terá 44 km de extensão e ligará as rodovias Ayrton Senna, Dutra, Fernão Dias e Bandeirantes. A via passará pelos municípios de São Paulo, Guarulhos e Arujá e margeará o Parque Estadual da Serra da Cantareira.
A serra é considerada a maior floresta em área urbana do mundo e foi tombada Condephaat, Conpresp e Iphan, órgãos de preservação estadual, municipal e nacional, respectivamente. Área de proteção, a Cantareira reúne diversas espécies da mata atlântica e possui dezenas de nascentes, além de abrigar o principal sistema de abastecimento de água da capital.
As mais de 50 entidades ambientalistas que criticam a obra dizem que o trecho norte irá alterar a paisagem da região e provocará impacto sobre o ecossistema. Treze parques situados às margens da Serra da Cantareira também serão diretamente atingidos pela obra.
Os moradores e ambientalistas afirmam que o Eia-Rima foi feito a “toque de caixa”, sem uma análise cuidadosa da área impactada, e não analisou outras possibilidades de traçado.
“O Eia-Rima foi elaborado com base em padrões anglo-saxônicos, que não consideram a realidade local. Não houve democracia, nem transparência. Foi um estudo fechado”, critica Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental e conselheiro do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).
“Fomos muito abrangentes na análise de oito traçados. O que foi escolhido é o que terá menor impacto ambiental e conterá a expansão urbana sobre a serra”, diz o presidente da Dersa. Laurence, contudo, admite que mudanças pontuais no traçado, como já ocorreu em Guarulhos e no Jardim Corisco, poderão ser feitas.
Ele afirmou que, a pedido do secretário municipal do Verde de São Paulo, Eduardo Jorge, a Dersa mudou o projeto inicial e vetou o acesso do Rodoanel à avenida Inajar de Souza, que ligaria o anel rodoviário à marginal Tietê.
Outra crítica dos ambientalistas é feita à cúpula da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, que ignorou uma série de recomendações feitas por técnicos da própria pasta, entre elas a que pediu uma análise geológica da área --que será cortada por sete túneis e terá mais de 100 pontes e viadutos-- e sobre a poluição sonora que a via deverá causar.
Em resposta ao Eia-Rima, as entidades ambientalistas produziram um “contra-rima”, elaborado por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) que reúne os problemas da obra. O texto foi encaminhado ao BID.
Os ambientalistas reivindicam que a obra seja suspensa e se estude um traçado mais ao norte, por fora do parque, ligando a rodovia Fernão Dias à Dom Pedro. A justificativa é que essa opção causará menor impacto e exigirá menos gastos.
Famílias removidas
A Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A) --órgão estadual responsável pela obra-- aguarda a procuradoria do Estado emitir os decretos de utilidade pública para iniciar as desapropriações e começar a obra.
Em julho, a previsão era que as desapropriações se iniciassem em setembro, mas agora a Dersa prevê que somente em janeiro os moradores comecem a ser retirados. Mais de 4.000 casas serão desapropriadas, incluindo 2.000 famílias que moram em áreas ocupadas nas últimas décadas na periferia da zona norte, como o Jardim Corisco, Jardim Peri, Jardim Paraná e Parada de Taipas. Por não possuírem as escrituras dos terrenos, as famílias só receberão indenizações pelas benfeitorias construídas.
Só no Jardim Paraná, área ocupada em 1994 por famílias sem-teto, 800 casas serão removidas. Hoje, o bairro tem asfalto, luz elétrica, escolas e uma unidade do CEU (Centro Educacional Unificado). Os moradores ganharam direito à posse da área em 2008, mas não serão recompensados pelos terrenos.
Os moradores reclamam que falta informação sobre seus destinos e temem que a indenização seja baixa. O presidente da Dersa afirma que todas as famílias atingidas poderão escolher entre ganhar um apartamento quitado da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) ou receber a indenização pelas benfeitorias.
Ainda de acordo com Laurence, os imóveis ficarão prontos em 36 meses. Até a obra ficar pronta, os moradores despejados vão receber bolsa-aluguel no valor de R$ 480. “Alguns terrenos para os prédios já foram escolhidos. Estamos procurando outros. Não podemos falar onde é para evitar invasões”, alega.
Fonte:Paraíba.com.br

Pesquisadores, urbanistas e intelectuais

De acordo com a Dersa, responsável pelas obras, a via não vai afetar o meio ambiente
Um grupo de aproximadamente cem pessoas, entre elas pesquisadores, urbanistas e intelectuais, divulgaram, nesta quinta-feira (29), um manifesto contra a construção do rodoanel norte em São Paulo. O argumento principal dos que assinaram o texto é que as obras ameaçam a Serra da Cantareira.
“Nós, abaixo-assinados, exigimos a suspensão imediata pelo governo do estado de São Paulo dos projetos e obras para a construção do trecho norte do rodoanel, de forma a permitir uma avaliação isenta e acurada sobre a necessidade real desta obra e sobre os prejuízos sociais, econômicos e ambientais que a rodovia trará para a cidade de São Paulo. A região da Serra da Cantareira, bem como as áreas vizinhas, abrigam hoje a maior floresta urbana do mundo, sendo sua conservação fator fundamental para o controle da poluição atmosférica e para o equilíbrio térmico da cidade de São Paulo. Como parque, oferece uma alternativa para passeios de paulistanos e turistas, brasileiros e estrangeiros de todas as partes do mundo. Integra, ainda, o patrimônio cultural da cidade pelas referências históricas e arquitetônicas que conserva.”
Os manifestantes também alegam que o parque é uma alternativa de passeio a turistas, integra o patrimônio cultural da cidade e tem milhares de nascentes de água.
“Como parque, oferece uma alternativa para passeios de paulistanos e turistas, brasileiros e estrangeiros de todas as partes do mundo. Integra, ainda, o patrimônio cultural da cidade pelas referências históricas e arquitetônicas que conserva. Na região, existem milhares de nascentes de água potável - daí o nome Cantareira - que constituem um manancial estratégico para a cidade. E já no final do século 19 a região da Serra da Cantareira foi protegida pelo governo como forma de garantir o abastecimento da cidade de São Paulo.”
O manifesto será lido publicamente na segunda-feira (3), por volta das 19h, no Teatro Oficina, em São Paulo.

Privilégio a automóveis vai levar SP a 'situação suicida', alerta especialista










Disputa por espaço nas ruas de São Paulo: opção por tansporte individual leva a cidade a caos urbano absoluto (Foto: ©Caio Guatelli/Folhapress)
Por: Suzana Vier, Rede Brasil Atual
São Paulo – Longe de resolver deficiências na mobilidade urbana da capital paulista, investimentos em obras viárias ampliam o espaço destinado a automóveis e aumentam os congestionamentos, apontam especialistas ouvidos pela Rede Brasil Atual. Depois do investimento de R$ 9,7 bilhões no Rodoanel – trechos oeste e sul -, na Nova Marginal Tietê e no Complexo Jacu Pêssego, a situação do trânsito já é a mesma de antes das obras, descreve o consultor de engenharia de tráfego e transporte Horácio Figueira. “Pode-se dizer que foi dinheiro jogado fora”, resume.
Novo trecho do Rodoanel – agora na área norte, passando por São Paulo, Guarulhos e Itaquaquecetuba - está orçado em R$ 6,51 bilhões, com entrega prometida para novembro de 2014. Termo de compromisso entre governos federal e estadual foi assinado em 13 de setembro. “Investir nessas obras é um grande desperdício”, avalia Marco Nordi, um dos coordenadores do grupo de trabalho sobre mobilidade urbana da Rede Nossa São Paulo.
As obras viárias são discutíveis, aponta, porque cada novo empreendimento abre mais espaço para os automóveis trafegarem, enquanto os problemas de mobilidade permanecem. “Todo espaço liberado é tomado pelos automóveis”, diz Nordi. “A frota de São Paulo não cabe nas ruas”, confirma Figueira.
Na avaliação do consultor, a Prefeitura paulistana tem “paúra” de incomodar os carros. Em consequência, deixa de investir em transporte público. “Os R$ 6,51 bilhões do trecho norte do Rodoanel dariam para construir 35 quilômetros de metrô”, argumenta. “Priorizar o automóvel é priorizar a minoria: um terço da população usa carro, em detrimento de todas as outras pessoas”, critica Nordi.
Alternativa
Na contramão das grandes obras viárias, Figueira sugere medidas simples para melhorar a mobilidade na capital paulista. A alternativa seria investir em corredores de ônibus, que são mais baratos e rápidos de construir do que linhas de metrô. “Enquanto uma faixa de carros comporta 800 veículos que transportam em média 1,4 pessoas no horário de pico, que é igual a 1.200 pessoas, por hora faixa, um corredor de ônibus transporta 10 a 12 mil pessoas. É uma média de 1 por 10”, informa. “Nas dez faixas da marginal caberiam o mesmo que em uma faixa de ônibus.”
O especialista considera “uma incoerência” obrigar o usuário de ônibus a arcar com o congestionamento causado por automóveis. “É no mínimo criminoso, ambientalmente e economicamente”. “A César o que é de César. Quem causa o congestionamento do automóvel é ele mesmo. Então, o congestionamento a quem o causa”, filosofa.
A proposta do consultor é estender os corredores de ônibus por 400 quilômetros de vias. Além da ampliação das faixas exclusivas, as principais rotas teriam duas faixas para ônibus, para que os veículos possam fazer ultrapassagens. Também seria possível a criação de serviços diferenciados com ônibus fretados e diretos.
“Não há mais o que fazer para obter fluidez, a não ser investir em transporte público”, defende Nordi, da Rede Nossa São Paulo. Questionado sobre a previsão de São Paulo ficar travada por inteiro em 2012, ele provoca: “Será que a cidade já não parou?”.
Caso a política urbana dê prosseguimento a investimentos maciços em vias para automóveis, a previsão é de mais problemas nos deslocamentos por São Paulo. “Pior do que está fica sim. A cidade está na descendente”, acredita Nordi. Na mesma linha, Figueira prevê que o medo da prefeitura incomodar os automóveis vai levar a cidade a uma “situação suicida”.

SÃO BERNARDO NEGOCIA NOVOS PARQUES









Sebastião Ferraz 82 anos, aguarda indenização do DERSA(Foto:Amanda Perobelli)
Por: Claudia Mayara (mayara@abcdmaior.com.br)
Encontro discutirá divergências entre Dersa e Prefeitura para compensar danos ambientais do Rodoanel
A Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) está correndo contra o relógio nas obras de compensação ambiental do trecho Sul do Rodoanel. Apesar de a empresa garantir não ter sido notificada oficialmente, desde que a promotoria de Justiça do Meio Ambiente da Capital instaurou, no dia 31 de agosto, inquérito civil para investigar o cumprimento do cronograma da criação de sete parques e do repasse de recursos para outros três, São Bernardo recebeu, em uma mesma semana, a visita do órgão estadual duas vezes. O primeiro encontro foi na última quarta-feira (14/09) e o próximo está agendado para esta sexta-feira (16/09).
De acordo com o secretário de Gestão Ambiental, Gilberto Marson, o Giba, o tema da reunião de sexta será a implantação dos parques Billings e Riacho Grande. Os dois espaços enfrentam dificuldades para início das intervenções. O projeto de R$ 40 milhões prevê a implantação do parque Billings no local onde foram aterrados mais de 500 metros do braço da represa, embaixo da Ponte Billings, no Jardim Canaã. A população do bairro, ambientalistas e a Prefeitura são contrárias ao projeto da forma como foi apresentado. “O espaço escolhido alaga na época de cheia da represa. Não vemos condições de se criar um parque ali, a não ser que seja suspenso”, destacou Giba.
Para o advogado ambientalista e presidente do MDV (Movimento de Defesa da Vida) do ABCD, Virgilio Alcides de Farias, o local escolhido para fazer o parque Billings é inviável, uma vez que o correto seria desassorear o braço da represa. “A Dersa se comprometeu com o Conselho Estadual do Meio Ambiente em desassorear e recuperar o local. Mas até agora nada foi feito”, afirmou. O ambientalista ainda lembrou que, ao longo dos anos, os assoreamentos em toda a represa foram responsáveis pela perda de cerca de 200 mil m³ da capacidade da Billings. “Ao invés de recuperar a represa, a pressa de finalizar a obra fez a Dersa piorar essa estatística”, criticou.
Processos - A situação do parque Riacho Grande é ainda mais grave, pois, de acordo com a Dersa, envolve processos judiciais de cinco imóveis na área do futuro parque. A área de preservação, localizada na estrada Pedra Branca, entre os bairros Areião, Vila Sabesp e Vila Estudante, na região do Montanhão, possui 222 hectares e foi doada pela estatal como compensação ambiental. O investimento previsto para a área é de R$ 23 milhões.
O aposentado Sebastião Santana Ferraz, 82 anos, mora na área há 50 anos, e garante ainda estar no local pela falta de pagamento da indenização por parte da Dersa, apesar de ter sido procurado pela empresa antes da construção do Rodoanel. “Só saio daqui quando eles me pagarem, pois não tenho para onde ir”, destacou. O aposentado também afirmou que não entrou na Justiça contra a empresa estadual. “Estou tentando resolver tudo o mais pacificamente possível”, argumentou.
A princípio, a estimativa da estatal era finalizar o plano de manejo do parque em outubro de 2010, porém o documento só será finalizado em dezembro deste ano. Em nota, a Dersa explicou que a legislação estabelece prazo de até cinco anos, após a criação da UC (Unidade Conservacional) para a realização do plano. E, portanto, eles estariam dentro do prazo.
Apesar dos problemas, o parque Riacho Grande já está cercado e com as obras de infraestrutura (guaritas e portaria) finalizados. A expectativa é que o espaço, banhado pela represa Billings, sirva de estudo para ONGs e universidades para a coleta de informações sobre a Mata Atlântica, produção e captação de sementes, além de espaço para lazer.
Viveiro Escola - Na pauta da última quarta (14/09), o assunto entre São Bernardo e a empresa estadual foi a implantação do viveiro escola no terreno da Fundação Criança de São Bernardo. “A Dersa se comprometeu em inaugurar o viveiro no dia 15 de dezembro deste ano”, revelou o secretário. Apesar do último prazo dado pela empresa estadual não ter sido cumprido, Giba disse estar satisfeito com a conversa: “O atraso foi justificado pela troca de governos, mas acredito que, agora, posso dar este assunto como resolvido”.
A ideia é que o viveiro escola forneça ecoprofissionalização para as comunidades do entorno do Rodoanel gerando oportunidades de trabalho e renda. Além do lado socioeconômico, o espaço visa capacitar jovens para preservação e recuperação da Mata Atlântica do local de modo a garantir condições adequadas e permanentes de reposição florestal. “Todas as empresas e empreiteiras envolvidas no projeto já foram acionadas para que o viveiro saia do papel”, afirmou Giba.

MP investiga falta de parques no Rodoanel


Vanessa Selicani, do Metro ABC
Dersa tem 30 dias para explicar demora na compensação ambiental após implantação da rodovia
De acordo com a investigação da Promotoria, apenas uma das sete áreas verdes prometidas no início das obras foi entregue.
A promotora pediu às prefeituras de São Paulo, São Bernardo, Embu e Itapecerica da Serra, cidades que deveriam receber os parques, informações sobre a atual situação dos processos de implantação das áreas verdes. Outro pedido de informações foi enviado à Secretaria de Meio Ambiente para que o órgão detalhe as pendências nas compensações ambientais do Rodoanel.
O prazo para que as cidades cortadas pelo Trecho Sul recebessem os parques terminou no final do ano passado, mas, até agora, apenas Embu recebeu a área verde.
A Dersa afirma que, além do parque de Embu, já entregou outras três áreas verdes: as Unidades de Conservação Jaceguava, Bororé e Varginha, todas em São Paulo.
De acordo com a empresa, o maior motivo para o atraso na implantação dos parques são as desapropriações. Muitas vezes, proprietários contestam na Justiça o valor a ser recebido, fazendo com que o processo não termine.

Insatisfação!

Reunião para tratar do Trecho Leste fica em segundo plano, devido à problemas deixados no Trecho Sul.
A Deputada Vanessa Damo e empresários do Consórcio responsável pelo Rodoanel ouviram a insatisfação dos moradores de Mauá e Ribeirão Pires
Em uma reunião, da Frente Parlamentar para Acompanhamento das Obras do Rodoanel, no trecho leste, que aconteceu ontem, 30/8, no auditório Paulo Kobayashi, na Assembléia Legislativa de São Paulo, o assunto que se destacou não foi a apresentação da concessionária responsável pela administração do trecho leste e sul, nem a empresa fiscalizadora, Artesp – Agência de Transportes do Estado de São Paulo, que tentaram mostrar de maneira institucional a grandeza do empreendimento.
A pauta principal, sobre o trecho leste do Rodoanel, ficou “contaminada” pelos problemas deixados para trás, no já inaugurado trecho sul.
Representantes dos bairros Novo Oratório e Jardim Santa Cecília, de Mauá, ocuparam quase metade do auditório, na tentativa de “arrancar” dos representantes do DERSA, soluções e respostas para problemas que, segundo moradores, ficaram no esquecimento e não foram cumpridos.
Tais problemas, acirraram os ânimos de representantes de Ribeirão Pires, Suzano e moradores da Zona Leste de São Paulo, que ocupavam a outra metade do auditório, bastante apreensivos e desconfiados desta nova etapa, o Trecho Leste.
Preparado o clima, bastaria um “detalhe” para as discussões e protestos tomarem conta da reunião, a saída “à francesa” dos representantes do DERSA, possivelmente afim de evitar os questionamentos dos moradores de Mauá.
De acordo com os moradores, o DERSA teria mentido e não cumprido acordos firmados antes do inicio da obra, ocasionando uma série de problemas, durante a execução da obra no bairro, conforme mostramos em reportagem de fevereiro.
Insatisfeitos e irritados com o sumiço dos representantes da DERSA, os moradores trataram por alertar as pessoas das cidades que receberão o Trecho Leste: “Eles mentem! Nas desapropriações, enquanto o último morador não sair de sua casa com a chave do imóvel na mão, não permitam que a obra seja iniciada!”.
Diante do clima quente, onde a SPMar tentou apresentar o projeto através de um vídeo institucional, mas barrados pelos moradores, a Deputada Estadual Vanessa Damo, PMDB, que preside a Frente Parlamentar, se mostrando indignada com o sumiço dos responsáveis da DERSA disse que irá propor a transformação da Frente Parlamentar em uma CPI do Rodoanel: “Já que não estão sendo transparentes, através da CPI, teremos poderes de polícia, convocaremos a DERSA a comparecer e, se preciso for, quebraremos os sigilos bancários e fiscais para entender o que tentam esconder.”, disse a deputada, que requereu do vereador Edgard Grecco, PDT de Mauá, a moção de repúdio à DERSA, pelo descaso com que estão tratando os moradores.
Com isso, a SPMar se comprometeu em deslocar uma equipe de técnicos à Ribeirão Pires, para conversar com a população e explicar sobre as obras e responder às perguntas dos moradores dos bairros que serão afetados com a obra.

O Rastro do Rodoanel

Fábio Munhoz Do Diário do Grande ABC
Famílias do Rodoanel ganham outra chance
O imbróglio que envolve moradores do entorno do Jardim Oratório, em Mauá, em função das obras do Trecho Sul do Rodoanel, está mais próximo do fim. Na terça-feira, a Frente Parlamentar de Acompanhamento das Obras do Rodoanel se reuniu com representantes da Dersa, Artesp (agência que regula as concessões rodoviárias) e SPMar (concessionária do trecho) e definiu cronograma para regularizar a situação das famílias afetadas, que começaram a ser desapropriadas no início de 2008.
Segundo a presidente da frente, a deputada estadual Vanessa Damo (PMDB), as cerca de 400 famílias que receberam, há cerca de um ano e meio, carta de crédito que daria direito a um apartamento de Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano terão até outubro para decidir se realmente querem ir para a unidade ou receber a indenização de R$ 60 mil. Procurada, a companhia não confirmou o acordo.
"É uma grande vitória para estes moradores, já que, na época das obras, muitos acabaram assinando documentos sob pressão, sem saber direito do que se tratava", justificou a deputada.
O cronograma prevê ainda que, a partir do dia 1º de outubro, a Dersa irá iniciar a remoção de entulho no Oratório e nos arredores. A empresa se comprometeu também a enviar engenheiros ao Jardim Santa Cecília, bairro vizinho às obras, para avaliar se as casas remanescentes sofreram abalos por conta do trânsito do maquinário envolvido na construção da via. As visitas técnicas terão início a partir do dia 15. No dia 1º de dezembro começarão as obras de reurbanização do bairro. Serão feitos reparos nas casas, além de pavimentação e reconstrução de guias e sarjetas. O investimento previsto é de R$ 4 milhões. A estatal confirmou as informações fornecidas pela deputada.
Na reunião, também foi abordada a situação das 68 famílias que, na época das desapropriações, não fecharam acordo com a Dersa. A deputada informou que irá a Brasília em setembro para cobrar do Ministério das Cidades agilidade na acomodação das famílias em unidades habitacionais.
Na ocasião, os proprietários dos imóveis rejeitaram as propostas oferecidas. "A Dersa ofereceu R$ 26 mil na minha casa, que vale R$ 40 mil", criticou o vendedor Sebastião Tibúrcio dos Santos, 66 anos. Apesar da negativa, ele garante que, se pudesse voltar atrás, aceitaria a proposta.
A Prefeitura de Mauá informou que as 68 famílias remanescentes serão contempladas por moradias populares que estão sendo erguidas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento. Somente na primeira etapa das obras, já iniciadas, serão construídos 720 apartamentos.
As unidades ainda não têm prazo de entrega; porém, ainda neste mês, as famílias serão incluídas no bolsa aluguel e passarão a receber R$ 450.
‘Isso aqui parece uma cidade fantasma', diz líder
Entulho, escombros, pouco movimento. As imagens, que parecem cenário de filme de guerra, fazem parte do cotidiano das 68 famílias que permaneceram na área do Jardim Oratório vizinha às obras do Trecho Sul do Rodoanel. "Isso aqui está parecendo uma cidade fantasma", define o líder comunitário João Lopes.
As casas que já foram desapropriadas foram parcialmente destruídas para evitar novas ocupações. No entanto, as paredes ainda ficaram espalhadas pelos terrenos, o que, segundo a vizinhança, atrai a criminalidade e usuários de drogas. "Agora só fica viciado. Dá até medo de passar por aqui", conta o eletricista João Bosco, 53 anos.
A diarista Maria Ferreira da Rocha, 48, conta que o entulho está espalhado pelas ruas há pelo menos dois anos. Ela duvida que a promessa da Dersa, de remover a sujeira, seja concretizada. "O que o pessoal do Rodoanel tinha que fazer aqui já está feito. Duvido que voltem para consertar alguma coisa."
Para a empregada doméstica Izabel Pereira Queiróz, 50, o problema do acúmulo de lixo está na concentração de insetos e outras pragas, como mosquitos, baratas e ratos. "Isso sem contar quando chove, que tudo isso escorre para o rio e causa enchente", reclama. A moradora criticou o prazo fornecido pela Dersa, que garantiu começar a limpeza em outubro. "Mesmo que inicie no prazo, já será tarde. Deviam ter feito isso muito antes."

Compensação só no papel?









Rodoanel: compensação se limita a 7%
Por: Claudia Mayara (mayara@abcdmaior.com.br)
Obras do Trecho Leste começam, enquanto S.Bernardo terá só 7% de mudas da compensação ambiental do Trecho Sul
Enquanto as obras do Trecho Leste do Rodoanel tiveram início na quarta-feira (17/08), a compensação ambiental do Trecho Sul ainda está incompleta e beira o terreno do absurdo. Das 633.038 mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, previstas na compensação ambiental para São Bernardo pelo convênio assinado entre Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) e Prefeitura, apenas 44 mil estão sendo plantadas na cidade. O número equivale a 7% da quantidade total acordada entre a autarquia e o município. As outras 589 mil mudas foram plantadas em APP (Área de Preservação Permanente) e áreas públicas dos reservatórios de água dos sistemas de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo. Não se sabe em qual cidade.
Presente à cerimônia do início das obras do Trecho Leste, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que todas as compensações ambientais e indenizações por desapropriações da construção do novo trecho serão pagas. Alckmin afirmou ainda que o custo dos encargos vai ultrapassar o valor da própria obra. Até o momento, o governo do Estado tem licença ambiental apenas do primeiro lote do trecho. A expectativa do Estado é que a liberação dos outros dois lotes saia até setembro.
A garantia ambiental dada por Alckmin em relação ao Trecho Leste ainda é uma interrogação no Trecho Sul. Os locais de plantio e o tamanho das mudas sempre foram mistério para a Secretaria de Gestão Ambiental de São Bernardo. “Não sabemos os locais em que foram ou estão sendo plantadas. Mas a Dersa terá de prestar contas”, comentou o secretário da pasta, Gilberto Marson, o Giba. A desconfiança é compartilhada pelo vereador Paulo Dias (PT). “Moro na região atingida pelas obras e não vi nenhum plantio. São muitas mudas para ninguém ter visto nada”, criticou.
De acordo com informações a que a Secretaria de Gestão Ambiental teve acesso, das seis áreas onde a
Dersa informou o plantio de mudas, em três não constam plantios e nas demais o trabalho foi feito de maneira precária. Apesar de questionada, em nenhum momento, a Dersa informou a localização exata das mudas que integram a compensação do Trecho Sul.
A Dersa explicou que o plantio total não foi realizado nas áreas indicadas no município, porque os locais não atenderam as especificações da autarquia. A empresa informou que realizou o plantio de uma parte das 44 mil mudas em 11 hectares, em áreas remanescentes das faixas de domínio do Trecho Sul. E que as demais mudas serão plantadas, em outros 11 hectares, a partir de setembro.
Para o secretário estadual de Transportes e Logística, Saulo de Castro, as compensações ambientais do Trecho Leste ganham nova dimensão porque a utilização de novas tecnologias de engenharia causa menos danos ao meio ambiente. Castro exemplificou: no início a estimativa era remover 24 milhões de metros cúbicos de terra. “Com essas novas técnicas serão nove milhões a menos”, disse.
Plantio - Apesar de a Dersa não ter explicado o que tornaria um terreno inadequado, a engenheira ambiental e professora do Centro de Engenharia e Ciências Sociais da UFABC (Universidade Federal do ABC), Silvia Helena Passarelli, explicou que uma área pode ser considerada inadequada para o plantio de mudas, quando o solo é muito úmido ou a terra tem restos de construção civil. “As possibilidades são amplas, mas de um modo geral, problemas de solo ou de declividade tornam a área inapropriada”, disse.
Silvia ainda informou que a divisão do plantio, em duas fases, é necessária para a sobrevivência das plantas. “Não se pode fazer a reposição de Mata Atlântica de uma vez só”, destacou. De acordo com a professora, não existe um método especifico, pode-se plantar as mudas rasteiras primeiro e, depois, as mais altas, como também o inverso. “O importante é deixar um espaço para a planta se desenvolver”, falou.
São Bernardo aguarda o recapeamento de 27 ruas
Após um ano e quatro meses que o Trecho Sul do Rodoanel foi inaugurado, aproximadamente 27 ruas dos bairros Montanhão, Demarchi, Jardim Represa, Parque Botujuru, Parque Imigrantes, Batistini e Alvarenga, em São Bernardo, aguardam as obras de recuperação, recapeamento e sinalização. Apesar de a Dersa ter assumido o compromisso de reconstruir os trechos usados pelos caminhões que transportavam toneladas de materiais para a construção do Rodoanel, até agora nada foi feito e as vias seguem em má condição.
Entre asfalto, terra e revestimento primário (cascalho), o convênio (152/08) assinado em abril de 2010 entre a Dersa e a Prefeitura prevê o reparo de mais de 21,4 mil metros de vias danificadas. “O problema é que a Dersa já apresentou três ou quatro cronogramas de obras que simplesmente não cumpre”, revelou o vereador Paulo Dias (PT).
A reportagem do ABCD MAIOR percorreu dez das 27 vias que aguardam reparos e encontrou ruas esburacadas e rachadas. As vias em pior estado são a rua Carmem Miranda, no Jardim Represa, e a avenida Ângelo Demarchi, no Bairro Demarchi. Em ambos os casos, o carro precisou desviar de crateras para seguir viagem. Os locais estão tão esburacados que é impossível contar a quantidade de buracos nas vias.
A situação também é ruim na estrada Galvão Bueno, do trecho que liga os bairros Jardim Represa ao Parque Los Angeles. “Antes a estrada era um tapete e agora está toda rachada”, criticou o soldador Eneilson Josino da Silva. O morador da via ainda lembra que durante as obras, a via chegou a afundar devido ao peso dos caminhões. “Na época eles consertaram, até porque precisavam. Mas hoje estamos esquecidos”, comentou Silva.
Em nota, a Dersa garantiu que licitou as obras para as Estradas do Montanhão, da Pebra Branca, Basílio de Lima, Ribeirão do Soldado e Municipal 02, além da rua do Cruzeiro e avenida Nicola Demarchi. As intervenções estão previstas para serem iniciadas no final de agosto. Quanto às demais ruas, a Dersa explicou que irá contrar projeto para posterior licitação da obra.

Começa construção do Trecho Leste do Rodoanel

Por: Vladimir Ribeiro (vladimir@abcdmaior.com.br)
Governo do Estado ainda não possui todas as licenças ambientais das obras
Tiveram início na manhã de quarta-feira (17/08) as obras de construção do Trecho Leste do Rodoanel Mário Covas. Com investimentos de R$ 5,2 bilhões, os trabalhos estão a cargo do Grupo Bertim, que também será responsável pelas desapropriações e compensações ambientais do local. A SPMar, a concessionária responsável pela construção do Trecho Leste, espera que o trecho receba mais de 24 mil veículos por dia depois que estiver pronto. Da frota, 70% deve ser de caminhões e carretas.
A previsão é que os trabalhos no traçado, que terá 43,5 quilômetros, sejam concluídos em 30 meses. Porém até o momento, o governo do Estado possui licença ambiental apenas do primeiro lote. “Nossa expectativa é que a liberação dos outros dois lotes sejam concedidas até o final de setembro. Tendo as licenças começamos as obras”, salientou o secretário de Transportes e Logística, Saulo de Castro.
O Trecho Leste passará por seis cidades, com início em Mauá, depois Ribeirão Pires, Suzano, Poá, Itaquaquecetuba e Arujá. “Ao todo serão 960 desapropriações em todo o trecho. As famílias estão sendo procuradas para começarmos as discussões”, disse o secretário, que não soube detalhar quantas famílias de Mauá e Ribeirão Pires terão de deixar suas casas. Informações preliminares apontam que 56 famílias de Mauá e 200 de Ribeirão Pires serão afetadas.
De acordo com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que participou da cerimônia de início das obras, todas as indenizações por desapropriações e compensações ambientais da construção do Trecho Leste do Rodoanel serão pagas.Alckmin afirmou que o custo dos encargos vai ultrapassar o valor da própria obra.
Compensação - Quanto às compensações ambientais, Castro destacou que a utilização de novas tecnologias de engenharia causam menos danos ao meio ambiente. “No início a estimativa era remover 24 milhões de metros cúbicos de terra. Porém, com essas novas técnicas serão nove milhões a menos", afirmou.
De acordo com o diretor executivo da concessionária SPMar, Marcelo de Afonseca, em Ribeirão Pires será construído um túnel nas proximidades do bairro Santa Luzia, para diminuir o impacto ambiental no local. “O projeto tomou cuidados na compensação e foi o mais bem classificado. Todas as especificações estão no estudo de impacto, que temos de seguir rigorosamente”, salientou.
Afonseca não soube detalhar em quais bairros de Mauá e Ribeirão Pires o Trecho Leste irá passar nem precisou quantas famílias das duas cidades serão afetadas pela obra. “Seguimos o que a Secretaria Estadual de Meio Ambiente determina. Quanto às desapropriações, os contatos com as famílias devem ser iniciados em 30 dias. Cadastramos 200 em Ribeirão Pires, mas 60 deverão ser realmente afetadas”, afirmou.
O governador Geraldo Alckmin destacou que a construção de um viaduto será uma das alternativas para não causar impacto nas várzeas do rio Tietê e de córregos próximos. “Serão 11 quilômetros de um elevado que deixará essas margens intactas. Até mesmo as pedras que serão retiradas desse trecho serão utilizadas nas cidades por onde passará o traçado”, disse.
Pedágio – A estimativa do governo do Estado é que até o final deste ano comecem as cobranças nas praças de pedágio do Trecho Sul, que passa pelo ABCD. “Fizemos as vistorias no local e a Artesp deve me enviar um relatório. Estando tudo em ordem, autorizamos a cobrança”, disse o secretário de Transportes.
A estimativa do governo é que, em valores atuais, no Trecho Leste o pedágio seja de R$ 1,80. “Conseguimos baratear a obra e com isso o valor do pedágio será 63% mais barato”, disse Castro.
O diretor executivo da SPMars ressaltou que a Artesp tem até 10 de setembro para dar um posicionamento sobre a questão. “Entregamos toda a nossa parte antes do tempo e agora esperamos uma posição do governo”, disse.

Com Rodoanel, morador poderá gastar até R$ 9,60

Elaine Granconato Do Diário do Grande ABC
Com o início da cobrança do pedágio no Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas, desde a 0h de hoje, os moradores do Grande ABC poderão gastar até R$ 9,60 por dia e R$ 192 por mês, caso utilizem também a Rodovia dos Imigrantes como destino para Diadema e São Bernardo. O valor da tarifa no Rodoanel para carros de passeio é de R$ 2,50 - veículos comerciais pagarão essa quantia por eixo, segundo a SPMar, concessionária operadora da via. Motocicletas pagarão R$ 1,25.
O Trecho Sul entrou em operação em março do ano passado. O traçado começa na Rodovia Régis Bittencourt, exatamente no entroncamento do Trecho Oeste, interliga as rodovias Anchieta e Imigrantes, e segue até o prolongamento da Avenida Papa João XXIII, no bairro Sertãozinho, em Mauá. Segundo a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), o Rodoanel recebe, em média, 70 mil veículos por dia.
No total, são seis praças de pedágio. Independentemente do trecho percorrido, o motorista só pagará na saída do Rodoanel. Ou seja, nas alças de acesso à rodovia.
É exatamente o caso de Luciano Andreoli de Barros, 24 anos, morador no Jardim Alvorada, em Santo André, e que trabalha em empresa de tecnologia eletrônica em Diadema, no bairro Eldorado. A partir de hoje, o instrutor de treinamento passa a gastar R$ 5 de pedágio no Rodoanel - R$ 2,50 (na saída da via para o trabalho, sentido Diadema) e R$ 2,50 (na saída para casa, sentido Mauá).
Além do valor de R$ 4,60, na saída do Km 25 da Imigrantes, via administrada pela Ecovias, para pegar o Rodoanel. Detalhe: são apenas três quilômetros percorridos de carro e não dá para o motorista escapar da cobrança.
Os R$ 192 a mais na conta de fim do mês do jovem, que faz pós-graduação na Universidade Municipal de São Caetano, pesarão no bolso. "Acho que terei de deixar o trajeto do Rodoanel", disse Barros, ontem, antes do início da cobrança da tarifa. Por mês, ele gasta cerca de R$ 50 de combustível.
Pelo Rodoanel, ele gasta cerca de 30 minutos para chegar ao trabalho, embora percorra cerca de 20 quilômetros a mais. Por dentro das cidades, o trajeto leva, em média, uma hora e 30 minutos, conforme a equipe do Diário conferiu ontem.
É o mesmo caso de Ivan Saldanha, 33 anos, residente na Vila Pires, em Santo André, e que trabalha na área de marketing em Diadema. "Sem o pedágio, o Rodoanel era o ideal para fugirmos do estresse do trânsito. Sem falar que o desgaste do carro é bem menor", afirmou Saldanha, que também deverá mudar o itinerárioa partir de hoje. Ele também pagaria R$ 9,60 por dia.
Até a véspera, não tinha informação visual sobre cobrança
Até as 12h de ontem, pelo menos, não havia nenhum informativo no Trecho Sul do Rodoanel, que corta a região, sobre o início da cobrança de pedágio a partir de hoje, conforme a equipe do Diário registrou. Muitos usuários da rodovia estadual, com certeza, serão pegos de surpresa. Os painéis eletrônicos também estavam apagados.
Ao contrário do informado pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo, anteontem e ontem, os motoristas não receberam "folhetos sobre o início e o valor da cobrança".
Nas praças, funcionários da SPMar, concessionária responsável pela operação do trecho, entregavam ontem folheto institucional do Rodoanel Sul, praticamente de divulgação da obra carro-chefe de campanha eleitoral do governo tucano no Estado. Na passagem do veículo, a funcionária apenas informava que "a partir da meia-noite será cobrado o pedágio". O valor não era informado. Somente se questionado.
A Artesp justificou ontem que "desde sexta-feira a informação sobre os valores e início de cobrança vem sendo amplamente repercutida pela imprensa". E que os valores das tarifas seriam colocados "até o início da cobrança".