quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Especialistas são contra ampliação das marginais Tietê e Pinheiros

Ampliar vias significa aumentar risco de transbordamentos, dizem técnicos.
Forte chuva transbordou rios e causou alagamentos em SP na terça (8).
Da Agência Estado - 09/09/09
Para especialistas, a perda de áreas permeáveis que podem absorver água e diminuir a vazão das chuvas em direção aos mananciais é a principal causa dos transbordamentos do Rio Tietê e de afluentes como o Aricanduva e o Tamanduateí. Nesta terça-feira (8), uma chuva atingiu o Estado de São Paulo causando alagamentos, destruição e congestionamentos.
As obras de ampliação da Marginal do Tietê vão resultar numa "perda líquida" de 18,9 hectares de área permeável, o equivalente a 19 campos de futebol iguais ao do Morumbi. A previsão do Conselho Municipal do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (Cades) consta no parecer da obra elaborado pelo órgão.
"A massa asfáltica em São Paulo só aumenta na Marginal e, com isso, o impacto da vazão das águas das chuvas sobre o Tietê se torna maior. A água chega mais rápido e com mais velocidade e volume", afirma Carlos Bocuhy, do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) e presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam).
A perda de partes permeáveis durante a obra é questionada também em ação civil pública movida pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), que conseguiu assinaturas de 450 arquitetos contrários à ampliação das pistas.
"O projeto desconsidera o investimento feito para a recuperação dos taludes do Tietê por meio de um projeto paisagístico que incluiu o plantio de árvores. Esses lugares agora vão virar novas pistas de rolamento. É um erro histórico sem tamanho. Dentro de cinco anos o rio vai começar a transbordar como ocorria antes do rebaixamento da calha", afirma o urbanista Vasco de Mello, integrante do IAB e do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio de São Paulo (Conpresp).
Saiba mais
Previsão é de mais chuva e temporais na capital e Estado de SP Rios Tietê e Pinheiros transbordam e CET pede para evitar marginais
O documento de aprovação da obra na Marginal indica uma perda total de 28,8 hectares de áreas permeáveis e um ganho de 9,9 hectares decorrentes de ajustes prometidos pelo governo do Estado. Os canteiros centrais que separam as pistas expressas e locais e que estão sendo suprimidos com as obras de ampliação, inclusive com a retirada de árvores, são as áreas permeáveis que vão desaparecer, segundo o Cades.
Medidas
O governo promete realizar medidas mitigatórias, como criar novas áreas permeáveis nas calçadas das pistas locais. Também se compromete a apoiar o Programa Várzeas do Tietê, cuja meta é preservar as regiões de várzea do rio, onde parte do volume das águas das chuvas é retido, ajudando a diminuir a vazão que corre em direção ao manancial.

Nenhum comentário:

Postar um comentário