Thiago Reis e Marcelo Mora
Do G1, em São Paulo
Governador recebeu R$ 1 milhão da OAS e R$ 100 mil da Carioca.
Quatro petistas e 5 tucanos também estão entre agraciados.
O governador José Serra (PSDB) diz que o consórcio responsável pelas obras do viaduto do Rodoanel onde vigas caíram ferindo três pessoas na sexta (13) terá de indenizar as vítimas se for comprovada falha. Já os deputados estaduais dizem que vão pedir explicações e prometem dar início a uma CPI na Assembleia para apurar a responsabilidade das empreiteiras.
Pois essas empresas que estão agora na mira dos políticos foram há pouco tempo colaboradoras deles. A OAS Engenharia e a Carioca, que compõem com a Mendes Jr. o consórcio responsável pelo lote onde houve o acidente, ajudaram a eleger em 2006 tanto o governador José Serra como outros 11 deputados estaduais, cinco deles do PSDB e quatro do PT (partido que hoje patrocina a ideia de uma comissão parlamentar de inquérito na Casa).
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o governador José Serra recebeu R$ 1 milhão da construtora OAS e outros R$ 100 mil da Carioca. O valor representou 4%do total arrecadado pelo então candidato (R$ 26 milhões).
Os seus adversários na época, Aloizio Mercadante (PT), Orestes Quércia (PMDB), Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) e Carlos Apolinário (PDT), não receberam doações das empreiteiras.
Entre os deputados petistas agraciados com doações da OAS estão Adriano Diogo (R$ 50 mil), Rui Falcão (R$ 150 mil), Ana do Carmo (R$ 30 mil) e Carlos Almeida (R$ 50 mil). Rui Falcão recebeu dinheiro também da Carioca: R$ 5 mil.
Entre os tucanos que receberam recursos da OAS para a campanha à Assembleia Legislativa estão Orlando Morando (R$ 150 mil), Analice Fernandes (R$ 100 mil), Geraldo Vinholi (R$ 50 mil) e Bruno Covas (R$ 15 mil) - este também patrocinado pela Carioca, com outros R$ 25 mil. Já João Caramez (PSDB) teve uma doação de R$ 20 mil da Carioca.
Os deputados Milton Leite Filho (DEM) e Jorge Caruso (PMDB) completam a lista de políticos ajudados pelas empresas que estão no foco do acidente no km 279 da Régis Bittencourt.
Outro lado
A assessoria de imprensa do Palácio dos Bandeirantes disse que o governador José Serra passou a segunda-feira (16) cumprindo agenda em Mirante do Paranapanema, a 610 km de São Paulo, e que seria muito difícil contatá-lo para comentar o assunto.
Já as assessorias dos deputados estaduais citados foram contatadas pelo G1 e ficaram de ligar de volta, o que não foi feito até as 21h30 desta segunda.
A exceção foi o deputado Orlando Morando (PSDB), que aceitou comentar a doação recebida durante a campanha de 2006. “Não há qualquer vínculo deste acidente envolvendo uma prestadora de serviço do governo comigo”, afirmou.
Membro da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa, ele disse que o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) foi contratado para produzir um laudo que apontará as causas do acidente.
Sobre a doação da OAS à sua campanha, o deputado afirmou que é vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas) e que a empreiteira é uma das que mais constroem supermercados no país. “É natural que [a OAS] me apoie”, afirmou.
Apesar disso, o deputado disse que a ligação com a empreiteira não deve interferir na sua atuação e nas cobranças para buscar os responsáveis pelo acidente no Rodoanel. “O cara mais ácido, mais duro, quanto ao acidente na Linha Amarela do Metrô, fui eu”, ilustrou.
A OAS participa da construção da Linha 4, onde a futura Estação Pinheiros desabou em 2007. O acidente matou sete pessoas.
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