quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A importância do Sistema Cantareira para a Grande São Paulo

Até o fim do século XIX o abastecimento de água em São Paulo era feito principalmente por meio da coleta direta em rios, córregos e fontes que brotavam nos declives das paisagens. Também eram utilizados poços e cisternas. Nas cidades existia a figura dos aguadeiros - pessoas que percorriam as ruas vendendo água. Os escravos também eram utilizados no serviço de coleta e transporte de água até as casas. Posteriormente, foram construídos chafarizes para abastecimento da população.
A higiene pessoal era feita nas casas de banho e para a maioria da população, especialmente os escravos e os pobres, nos banhos de rio. As necessidades fisiológicas se resolviam no mato e o esgotamento sanitário era depositado nos rios mais próximos.
O crescimento populacional na cidade fez com que o abastecimento de água se transformasse em um grave problema social e, em 1863, criou-se um projeto de distribuição de água na capital, o Sistema Cantareira. O projeto só foi executado alguns anos depois, pela Companhia Cantareira e Esgotos, que além de abastecer a cidade com água potável iria explorar também os seus serviços de esgotos, construindo, assim, dois grandes reservatórios de acumulação.
Quatro anos depois as obras foram concluídas e a distribuição de água era capaz de abastecer o equivalente ao dobro da população existente, que era de 30 mil habitantes.
Em 1878, iniciou-se a construção do reservatório velho da Consolação e, em 1882, alguns chafarizes da cidade já recebiam as águas do novo manancial. Em 1883, os moradores do bairro da Luz foram os primeiros beneficiários a ter água encanada.
No mesmo ano, foi entregue a primeira rede de esgotos e foi estabelecido - de acordo com o sistema americano de circulação contínua - que o despejo do esgoto no rio seria feito in natura, sem desinfecção prévia. Essa rede atendeu parte da área urbanizada da cidade, na região central.
Em 1893, a Companhia Cantareira é incorporada pelo Estado que, cria em seu lugar a Repartição de Água e Esgotos da Capital (RAE).
Assim, o Estado ampliou as aduções de água para abastecimento da Serra da Cantareira e, visando a captação e proteção das nascentes, adquiriu inúmeras áreas da região próxima, desapropriando várias fazendas na Serra, a partir do ano de 1890. Esta área compõe a superfície atual do Parque Estadual da Serra da Cantareira.
Hoje, o Sistema Cantareira é considerado um dos maiores do mundo. Sua área total tem aproximadamente 2.270 km², e abrange 12 municípios, sendo quatro deles no estado de Minas Gerais e oito em São Paulo (Bragança Paulista, Caieiras, Franco da Rocha, Joanópolis, Nazaré Paulista, Mairiporã, Piracaia e Vargem). É composto por cinco bacias hidrográficas e seis reservatórios interligados por túneis artificiais subterrâneos, canais e bombas, que produzem 33 m³/s, o que corresponde a quase metade de toda a água consumida pelos habitantes da Grande São Paulo.
Assim, a região do Sistema, que já foi predominantemente rural, passou por intensas mudanças desde a construção dos reservatórios, que juntamente com as rodovias que cortam a região, ajudaram a modificar a configuração socioeconômica dos municípios e, conseqüentemente, o meio ambiente como um todo.
Atualmente, a Região Metropolitana de São Paulo possui oito sistemas de abastecimento de água: Cantareira, Guarapiranga, Rio Claro, Alto Tietê, Rio Grande, Alto Cotia, Baixo Cotia e Ribeirão da Estiva.

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