terça-feira, 22 de novembro de 2011

Compensação só no papel?









Rodoanel: compensação se limita a 7%
Por: Claudia Mayara (mayara@abcdmaior.com.br)
Obras do Trecho Leste começam, enquanto S.Bernardo terá só 7% de mudas da compensação ambiental do Trecho Sul
Enquanto as obras do Trecho Leste do Rodoanel tiveram início na quarta-feira (17/08), a compensação ambiental do Trecho Sul ainda está incompleta e beira o terreno do absurdo. Das 633.038 mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, previstas na compensação ambiental para São Bernardo pelo convênio assinado entre Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) e Prefeitura, apenas 44 mil estão sendo plantadas na cidade. O número equivale a 7% da quantidade total acordada entre a autarquia e o município. As outras 589 mil mudas foram plantadas em APP (Área de Preservação Permanente) e áreas públicas dos reservatórios de água dos sistemas de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo. Não se sabe em qual cidade.
Presente à cerimônia do início das obras do Trecho Leste, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que todas as compensações ambientais e indenizações por desapropriações da construção do novo trecho serão pagas. Alckmin afirmou ainda que o custo dos encargos vai ultrapassar o valor da própria obra. Até o momento, o governo do Estado tem licença ambiental apenas do primeiro lote do trecho. A expectativa do Estado é que a liberação dos outros dois lotes saia até setembro.
A garantia ambiental dada por Alckmin em relação ao Trecho Leste ainda é uma interrogação no Trecho Sul. Os locais de plantio e o tamanho das mudas sempre foram mistério para a Secretaria de Gestão Ambiental de São Bernardo. “Não sabemos os locais em que foram ou estão sendo plantadas. Mas a Dersa terá de prestar contas”, comentou o secretário da pasta, Gilberto Marson, o Giba. A desconfiança é compartilhada pelo vereador Paulo Dias (PT). “Moro na região atingida pelas obras e não vi nenhum plantio. São muitas mudas para ninguém ter visto nada”, criticou.
De acordo com informações a que a Secretaria de Gestão Ambiental teve acesso, das seis áreas onde a
Dersa informou o plantio de mudas, em três não constam plantios e nas demais o trabalho foi feito de maneira precária. Apesar de questionada, em nenhum momento, a Dersa informou a localização exata das mudas que integram a compensação do Trecho Sul.
A Dersa explicou que o plantio total não foi realizado nas áreas indicadas no município, porque os locais não atenderam as especificações da autarquia. A empresa informou que realizou o plantio de uma parte das 44 mil mudas em 11 hectares, em áreas remanescentes das faixas de domínio do Trecho Sul. E que as demais mudas serão plantadas, em outros 11 hectares, a partir de setembro.
Para o secretário estadual de Transportes e Logística, Saulo de Castro, as compensações ambientais do Trecho Leste ganham nova dimensão porque a utilização de novas tecnologias de engenharia causa menos danos ao meio ambiente. Castro exemplificou: no início a estimativa era remover 24 milhões de metros cúbicos de terra. “Com essas novas técnicas serão nove milhões a menos”, disse.
Plantio - Apesar de a Dersa não ter explicado o que tornaria um terreno inadequado, a engenheira ambiental e professora do Centro de Engenharia e Ciências Sociais da UFABC (Universidade Federal do ABC), Silvia Helena Passarelli, explicou que uma área pode ser considerada inadequada para o plantio de mudas, quando o solo é muito úmido ou a terra tem restos de construção civil. “As possibilidades são amplas, mas de um modo geral, problemas de solo ou de declividade tornam a área inapropriada”, disse.
Silvia ainda informou que a divisão do plantio, em duas fases, é necessária para a sobrevivência das plantas. “Não se pode fazer a reposição de Mata Atlântica de uma vez só”, destacou. De acordo com a professora, não existe um método especifico, pode-se plantar as mudas rasteiras primeiro e, depois, as mais altas, como também o inverso. “O importante é deixar um espaço para a planta se desenvolver”, falou.
São Bernardo aguarda o recapeamento de 27 ruas
Após um ano e quatro meses que o Trecho Sul do Rodoanel foi inaugurado, aproximadamente 27 ruas dos bairros Montanhão, Demarchi, Jardim Represa, Parque Botujuru, Parque Imigrantes, Batistini e Alvarenga, em São Bernardo, aguardam as obras de recuperação, recapeamento e sinalização. Apesar de a Dersa ter assumido o compromisso de reconstruir os trechos usados pelos caminhões que transportavam toneladas de materiais para a construção do Rodoanel, até agora nada foi feito e as vias seguem em má condição.
Entre asfalto, terra e revestimento primário (cascalho), o convênio (152/08) assinado em abril de 2010 entre a Dersa e a Prefeitura prevê o reparo de mais de 21,4 mil metros de vias danificadas. “O problema é que a Dersa já apresentou três ou quatro cronogramas de obras que simplesmente não cumpre”, revelou o vereador Paulo Dias (PT).
A reportagem do ABCD MAIOR percorreu dez das 27 vias que aguardam reparos e encontrou ruas esburacadas e rachadas. As vias em pior estado são a rua Carmem Miranda, no Jardim Represa, e a avenida Ângelo Demarchi, no Bairro Demarchi. Em ambos os casos, o carro precisou desviar de crateras para seguir viagem. Os locais estão tão esburacados que é impossível contar a quantidade de buracos nas vias.
A situação também é ruim na estrada Galvão Bueno, do trecho que liga os bairros Jardim Represa ao Parque Los Angeles. “Antes a estrada era um tapete e agora está toda rachada”, criticou o soldador Eneilson Josino da Silva. O morador da via ainda lembra que durante as obras, a via chegou a afundar devido ao peso dos caminhões. “Na época eles consertaram, até porque precisavam. Mas hoje estamos esquecidos”, comentou Silva.
Em nota, a Dersa garantiu que licitou as obras para as Estradas do Montanhão, da Pebra Branca, Basílio de Lima, Ribeirão do Soldado e Municipal 02, além da rua do Cruzeiro e avenida Nicola Demarchi. As intervenções estão previstas para serem iniciadas no final de agosto. Quanto às demais ruas, a Dersa explicou que irá contrar projeto para posterior licitação da obra.

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