terça-feira, 22 de novembro de 2011

O Rastro do Rodoanel

Fábio Munhoz Do Diário do Grande ABC
Famílias do Rodoanel ganham outra chance
O imbróglio que envolve moradores do entorno do Jardim Oratório, em Mauá, em função das obras do Trecho Sul do Rodoanel, está mais próximo do fim. Na terça-feira, a Frente Parlamentar de Acompanhamento das Obras do Rodoanel se reuniu com representantes da Dersa, Artesp (agência que regula as concessões rodoviárias) e SPMar (concessionária do trecho) e definiu cronograma para regularizar a situação das famílias afetadas, que começaram a ser desapropriadas no início de 2008.
Segundo a presidente da frente, a deputada estadual Vanessa Damo (PMDB), as cerca de 400 famílias que receberam, há cerca de um ano e meio, carta de crédito que daria direito a um apartamento de Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano terão até outubro para decidir se realmente querem ir para a unidade ou receber a indenização de R$ 60 mil. Procurada, a companhia não confirmou o acordo.
"É uma grande vitória para estes moradores, já que, na época das obras, muitos acabaram assinando documentos sob pressão, sem saber direito do que se tratava", justificou a deputada.
O cronograma prevê ainda que, a partir do dia 1º de outubro, a Dersa irá iniciar a remoção de entulho no Oratório e nos arredores. A empresa se comprometeu também a enviar engenheiros ao Jardim Santa Cecília, bairro vizinho às obras, para avaliar se as casas remanescentes sofreram abalos por conta do trânsito do maquinário envolvido na construção da via. As visitas técnicas terão início a partir do dia 15. No dia 1º de dezembro começarão as obras de reurbanização do bairro. Serão feitos reparos nas casas, além de pavimentação e reconstrução de guias e sarjetas. O investimento previsto é de R$ 4 milhões. A estatal confirmou as informações fornecidas pela deputada.
Na reunião, também foi abordada a situação das 68 famílias que, na época das desapropriações, não fecharam acordo com a Dersa. A deputada informou que irá a Brasília em setembro para cobrar do Ministério das Cidades agilidade na acomodação das famílias em unidades habitacionais.
Na ocasião, os proprietários dos imóveis rejeitaram as propostas oferecidas. "A Dersa ofereceu R$ 26 mil na minha casa, que vale R$ 40 mil", criticou o vendedor Sebastião Tibúrcio dos Santos, 66 anos. Apesar da negativa, ele garante que, se pudesse voltar atrás, aceitaria a proposta.
A Prefeitura de Mauá informou que as 68 famílias remanescentes serão contempladas por moradias populares que estão sendo erguidas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento. Somente na primeira etapa das obras, já iniciadas, serão construídos 720 apartamentos.
As unidades ainda não têm prazo de entrega; porém, ainda neste mês, as famílias serão incluídas no bolsa aluguel e passarão a receber R$ 450.
‘Isso aqui parece uma cidade fantasma', diz líder
Entulho, escombros, pouco movimento. As imagens, que parecem cenário de filme de guerra, fazem parte do cotidiano das 68 famílias que permaneceram na área do Jardim Oratório vizinha às obras do Trecho Sul do Rodoanel. "Isso aqui está parecendo uma cidade fantasma", define o líder comunitário João Lopes.
As casas que já foram desapropriadas foram parcialmente destruídas para evitar novas ocupações. No entanto, as paredes ainda ficaram espalhadas pelos terrenos, o que, segundo a vizinhança, atrai a criminalidade e usuários de drogas. "Agora só fica viciado. Dá até medo de passar por aqui", conta o eletricista João Bosco, 53 anos.
A diarista Maria Ferreira da Rocha, 48, conta que o entulho está espalhado pelas ruas há pelo menos dois anos. Ela duvida que a promessa da Dersa, de remover a sujeira, seja concretizada. "O que o pessoal do Rodoanel tinha que fazer aqui já está feito. Duvido que voltem para consertar alguma coisa."
Para a empregada doméstica Izabel Pereira Queiróz, 50, o problema do acúmulo de lixo está na concentração de insetos e outras pragas, como mosquitos, baratas e ratos. "Isso sem contar quando chove, que tudo isso escorre para o rio e causa enchente", reclama. A moradora criticou o prazo fornecido pela Dersa, que garantiu começar a limpeza em outubro. "Mesmo que inicie no prazo, já será tarde. Deviam ter feito isso muito antes."

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