quarta-feira, 17 de março de 2010

Rodoanel prejudica braços da Billings


Jornal ABCD Maior 16/03/2010
Por: Renan Fonseca
As obras do trecho Sul do Rodoanel provocaram o assoreamento de parte dos braços da represa Billings. O recuo do leito do reservatório pode ser notado, principalmente, nas áreas onde ainda há máquinas trabalhando – a entrega do trecho Sul está marcado para 27 de março, de acordo com a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A). O fenômeno foi apontado por ambientalistas da Região e moradores de bairros vizinhos ao canteiro de obras. O problema também foi reconhecido pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado, que informou que o assoreamento ocorreu por causa das fortes chuvas do início deste ano.
De acordo com informações do MDV (Movimento em Defesa da Vida), ONG com sede no ABCD e que acompanhou a evolução da construção do Rodoanel, algumas margens da Billings foram cobertas pela terra. Além disso, outros trechos foram totalmente soterrados. Próximo ao Jardim Canaã, durante a construção de uma ponte do complexo viário, toda a área abaixo da estrutura foi tomada pelo solo removido. “Apresentamos um documento para o Estado cobrando providências sobre esses problemas em 2008, mas não conseguimos respostas”, disse o presidente do MDV, Virgílio Alcides de Farias. A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) informou que já solicitou à Dersa a implementação de medidas de contenção dos sedimentos nas áreas mais baixas, além de obras de drenagem. A Dersa se pronunciará nos próximos dias.
Represa mais rasa - A terra remexida se assentou no fundo da represa, próximo às margens. Nesses trechos, o leito assumiu uma cor marrom e a represa ficou mais rasa. Em outro caso, os sedimentos removidos cobrem pequenas lagoas criadas a partir da água da Billings, como aconteceu no Bairro de Lavras (região do Botujuru), em São Bernardo. Moradores que preferiram não se identificar apontaram uma área na qual, de acordo com os relatos, havia uma pequena lagoa que foi soterrada pelo Rodoanel. “Antes havia peixes e várias espécies de aves que viviam aqui. Logo que as obras começaram, muita terra foi jogada sobre o lago e no lugar resta apenas um regato”, disse um mecânico que vive no bairro.
O soterramento em alguns locais está previsto no EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto ao Meio Ambiente) preparado para execução da empreitada, conforme explicou Farias. Porém, no caso da ponte do Jardim Canaã, o ambientalista entrou em contato com o governo do Estado, pois o estudo de impacto não previa o soterramento do trecho. “Vários fatores prejudiciais à qualidade da vida da represa podem surgir por conta do assoreamento. De imediato, esse fenômeno atinge a capacidade do reservatório, bem como a degradação do ecossistema que depende dos pontos soterrados”, afirmou.
Armazenamento - O presidente do Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental), Carlos Bocuhy, também defende que o acúmulo de terra no fundo das margens pode provocar diretamente a diminuição da capacidade de armazenamento do reservatório. “Em alguns lugares há o risco de o terreno ceder com as chuvas, sendo levado para a parte mais funda da represa.”
A biodiversidade da Billings também sente os impactos causados pelo assoreamento dos braços d’água. O gestor ambiental Isaias Escalasca Grilo esclarece que ao menos 150 espécies de animais e plantas podem sofrer com a perda de parte do aquífero. “As barragens causadas pelo acúmulo de terra e o soterramento dos olhos d’água (nascentes) vai prejudicar o ciclo das águas e toda a vida aquática”, pontuou o especialista.
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Obras do Rodoanel. Obras provocam assoreamento da represa; problema foi reconhecido pelo governo do Estado











Um comentário:

  1. TENHO OBSERVADO O AUMENTO DO NIVEL DAS AGUAS NOS LAGOS NO BAIRRO CURUCUTU (SBC), NÃO É AUMENTO DO VOLUME DE AGUA É SIM ASSORIAMENTO NA REPRESA APÓS
    O RODO ANEL.

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